sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Momento especial...

Este mês de novembro tem um significado diferente para mim nestes últimos três anos. Foi um momento em que tive que lidar com uma situação que mudaria completamente minha vida.

Quem conhece minha família sabe que passamos dez anos em uma luta diária com meu pai, desde que soubemos de seu mieloma múltiplo. Foram tratamentos e mais tratamentos, transplantes, apoios, paciência. Dedicação e amor por ele. Em todos os momentos. Ele nunca, realmente nunca se deixou abalar pela doença. Trabalhava diariamente e incessantemente, só parando mesmo quando estava extremamente ruim fisicamente.

Uma doença muda a nossa vida. Ou paramos para pensar e analisar o que está errado e procuramos melhorar estes aspectos, ou simplesmente nos deixamos levar e acabamos com tudo que construímos para nós mesmos. Ele mudou. E muito. Se tornou mais alegre, brincalhão, fazia piadas (até mais do que era antes da doença). Aprendeu a ter mais paciência, a não esperar tanto da vida. Parece que vivia um dia de cada vez.

Foi então que a doença realmente atacou, por assim dizer. No ano de 2007 ele lutou com todas as suas forças para vencer, mas ele sabia que não tinha mais jeito. É uma doença que não tem cura. Foi internado nesta mesma época do mês de novembro, ficando em estado de coma induzido por três semanas.

Ele não tinha como se comunicar fisicamente, mas conversávamos muito através do Reiki. Conseguia vê-lo me dizendo no começo que não conseguia ver nenhum tipo de luz, mas que tinha a presença dos meus avós maternos ali. Ele estava sendo preparado de alguma forma para sua partida.

Até que, na última semana ele me disse que estava pronto para partir. Que sentiria muita falta de nós, e que já tinha conhecido meus filhos. É isso mesmo. Eu estava no oitavo mês de gestação de gêmeos.

Ele partiu no início de dezembro. Meus filhos nasceram exatamente um mês depois. Tenho certeza que houve este encontro entre eles.

Aprendi que na vida existe os ganhos e as perdas. Parece que precisamos perder algo para ganhar alguma outra coisa na vida. Perdi meu pai fisicamente, ganhei minhas preciosidades.

Sei que ele está bem agora. Mas é inevitável não sentir sua falta. Dos almoços, da hora do café no escritório, de como ele nos chamava para almoçar, de como brincava com os cachorros, de como ria e fazia palhaçadas.

Meu querido pai, onde quer que você esteja, te amaremos eternamente. Obrigada pela sua vida presente na nossa.