terça-feira, 1 de novembro de 2011

Post Halloween

Há algumas semanas contei aos meninos uma estória sobre bruxas. É de um livro com coletâneas de estórias do mundo. Um deles ficou com um pouco de medo, e falou sobre a estória por um tempo. Quis que eu contasse para a avó a estória. Então, ontem foi o dia de falar sobre bruxas.

Falamos que era a noite das bruxas, que elas estariam voando a noite toda nas vassouras, felizes, e procurando uma casa para aterrorizar. Até mostrei uma pequena vassoura que tenho para eles, e disse que foi de uma outra vez que elas passaram por aqui e eu consegui pegar a vassoura, e a bruxa teve que ir embora correndo daqui (acredito que não foi uma boa ideia, meu marido sugeriu que eu mostrasse a vassoura no dia seguinte, contando a mesma coisa...). Enfim, eles foram dormir com medo, mas, antes, quiseram ter certeza que eu colocaria um pedaço de bolo e uma bacia com água na soleira da porta e também uma tranca na porta. Por que isso? Bom, leia a estória abaixo e você entenderá sobre o que eu estou falando...


"A Noite das Bruxas"

Certa noite, bateram à porta e uma tranquila dona de casa a abriu, deparando-se com um bando de bruxas chifrudas, que entraram, uma atrás da outra. Quando a última delas entrou, a dona de casa as contou e viu que, em sua sala, havia doze bruxinhas chifrudas rindo e conversando sem parar. Tentou falar, mas percebeu que estava muda:

"Estou com fome, prepare um bolo." A dona de casa obedeceu.

Outra lhe disse: "Estou com sede, mulher, traga-me água do poço."

A dona de casa foi até o poço carregando um balde. Quando se debruçou para apanhar água, ouviu uma voz chamá-la. Era uma noite sem luar e ela não via ninguém. A voz lhe disse:

"Vá até o lado de sua casa que aponta para o Norte e grite três vezes: 'A montanha das bruxas pegou fogo!'"

Ela cumpriu a ordem. Quando as bruxas ouviram seus gritos, começaram a guinchar e rodopiar. Apanharam as vassouras e sumiram no céu. Então, a dona de casa lembrou-se da voz misteriosa. Quem a teria ajudado? E a voz lhe disse:

"Eu sou o Espírito das Águas. Moro em seu poço e protejo sua casa. Não pense que seus problemas acabaram. As bruxas voltarão. Você precisa se preparar. Faça o seguinte: lave os pés de seus filhos numa bacia e depois ponha a bacia com a água na soleira da porta. Pegue o bolo em que as bruxas tocaram, dê um pedaço dele a seus filhos e depois ponha-o também na soleira da porta. Por fim, coloque uma trava de madeira na porta.

As bruxas retornaram na mesma noite. Mas, quando chegaram à soleira da porta, viram a bacia com a água suja.

"Saia daí, água suja!", elas gritaram.

"Não posso", respondeu a água. "Derramei na grama, sou de quem me ama."

"Saia daí, trava de madeira!"

"Não posso" , respondeu a trava. "Estou trancada, toda atravancada!"

"Saia daí, bolo!"

"Não posso", respondeu o bolo. "Estou doce e cremoso. Sou todo do menino guloso."

As bruxas desapareceram, mas deixaram cair um manto que ficou pendurado numa cerca. Já se passaram quinhentos anos e o manto continua guardado num baú secreto, escondido num quarto na casa dessa mesma família.

("Celtic Fairy Tales", by Joseph Jacobs, 1892)