sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Filhos... e gêmeos!

Criar filhos não é uma tarefa fácil. Bom, na verdade, nada na vida é, simplesmente o que muda é o nosso ponto de vista de como lidar com as situações que acontecem.

No meu caso, tenho dois meninos gêmeos. Não, não são idênticos. Como não? Porque não são. Meus filhos são gêmeos dizigóticos, ou seja, dois óvulos fecundados separadamente, com placentas diferentes. E este é um dos questionamentos que tenho visto ao longo destes meus quase três anos com meus filhos. As pessoas acham que gêmeos devem ser iguais. Pior ainda são os casos de gêmeos de sexos diferentes. Aí é que as pessoas não acreditam mesmo. E com tanta informação que temos no mundo, não consigo entender como as pessoas não se informam a respeito.

Outra questão que me deixa doida é a tal da rotulação: "Quem é o mais levado, o mais terrível, o mais arteiro...". E por assim vai. Por que as pessoas gostam de achar que um é o mau e o outro o bom? Ninguém nunca me perguntou se eles são amorosos, alegres, saudáveis, brincalhões, observadores, inteligentes, falantes...

Primeiro: é horrível para um pai ou mãe ter que escutar de alguém que um deles deve dar mais trabalho que o outro. E por que tem que ser assim?

Outra coisa: "Ah! Que interessante! Dois filhos de uma só vez! Pelo menos já vem dois e não precisa se preocupar com mais!"...

Outra pérola, acho que uma das piores, pois as pessoas acham que é a mesma coisa: "São gêmeos? Sei como é. Tive filhos com pouca diferença de idade e dá um trabalho!". Não é bem assim. Mesmo que se tenha filhos com uma diferença de quase um ano ou mais ou menos isso, não se passa pelos mesmos desafios. Tudo é dobrado: desde fraldas, mamadeiras, roupas, alimentação, carrinhos, berços, brinquedos, até a malcriação, os sorrisos, as grandes risadas, as artes, as maluquices... Mas não é só isso. Gêmeos são diferentes. Sempre serão. Mesmo que sejam idênticos. São duas pessoas, dois indivíduos, e que devem ser tratados como são, e nunca, mas nunca, tentar fazer com que sejam iguais.

Uma vez estava em um shopping center em São Paulo com os meninos. Eles eram mais novos (como se fossem muito velhos!!) e fomos ao fraldário trocá-los. Levei um de cada vez para dentro. Tinha uma outra mulher jovem ali, com uma criança na mesma faixa etária. Quando eu disse que pegaria o outro menino para trocar, ela me disse: "São gêmeos? Meu Deus, eu não aguento nem com um só, imagine com dois! Se eu soubesse que ter filho seria tudo isso, nem pensaria em tê-lo!". Simplesmente fiquei espantada com o rancor vindo da boca desta pessoa. E a criança ali, indefesa, olhando para a mãe falar tudo aquilo. Que crueldade...

Aprendi sozinha a criar gêmeos. Não tinha histórico na família, porque eu fiz tratamento para engravidar. Tudo o que se encontra de informações sobre como cuidar de um bebê, ou  como criar um filho, é para um indivíduo. As informações sobre múltiplos são poucas. E é engraçado, porque com tantas pessoas fazendo tratamento para engravidar, o número de múltiplos cresceu muito no mundo todo. Agradeço a alguns livros que foram verdadeiros achados para mim. Leituras muito instrutivas e que realmente são de autores que passaram pela mesma experiência com múltiplos.

Mas tenho aprendido com a vida. Esta é a maior escola. Sei que tenho um longo caminho pela frente, principalmente por serem gêmeos. Ainda terei que ouvir muitas bobagens e falta de informação das pessoas, mas estou aprendendo a lidar com isso.

Este é o primeiro, digamos, desabafo sobre esta história. Acho que ainda terei muito para contar por aí...